Sempre fiz para mim próprio as anilhas de madeira e corda que me seguraram os diferentes lenços de ESCUTEIRO que tive ao pescoço nos últimos 35 ANOS.
Foram surgindo tantos pedidos que resolvi dedicar o meu tempo livre a construir anilhas, essencialmente de cana e madeira, num processo totalmente artesanal e laborioso.

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sábado, 21 de abril de 2018

ASSIM NASCE ... UMA ANILHA FLOR DE LIS

Alguns perguntam (e já me fizeram esta mesma pergunta de outros continentes) como se faz uma anilha ... qual é o "segredo"?

A resposta é sempre simples: gosto pelo que se faz, respeito por quem e para quem se faz e muito , muito, muito ... trabalho manual e paciência.

Sobre o trabalho manual, revelo aqui e agora algumas das fases por que passam as minhas anilhas (no caso um dos modelos de flor de lis que mais vendi até hoje), da concepção à peça final, numa sequência de cinco fotografias legendadas.

Ficam por mostrar as minhas ferramentas mas revelo, sem qualquer problema, que se tratam simplesmente de um lápis de grafite ou caneta de tinta azul ou preta; de uma serra de joalheiro (são três, por acasoa é a melhor de todas foi oferecida por outro artesão - Frederico Valerde, artesão joalheiro com atelier em Chaves) com lâmina superfina (para madeira e metal) para cortes mais precisos; um bisturi (são quatro ...) com lâminas do nº10 ao nº24, super afiadas; lixa para madeira (de todos os tipos de grão, formatos e feitios); cola branca e verniz ou laca e respectivos pincéis ao que acrescento as vulgares molas de roupa, que uso para a secagem do verniz e ... 

... o resto é o acima descrito já: gosto pelas manualidades artesanais, respeito por quem as adquire e muitas horas de puro prazer.

No caso desta anilha em especial, deixo como indicativo que entre o desenho inicial e a flor de lis pronta para colar (fases de desenho, corte, desbaste e lixa) decorreram cerca de 2 horas, ao que se podem acrescentar mais um dia para a colagem estar completa e perfeita e mais uns dois ou três para o produto final passar pelo teste mais rigoroso e picuinhas que conheço - a primeira avaliação pelos que me estão mais próximos (e já houve rejeições que foram parar ao caixote de reciclagem) - e estar em condições de ser apresentado ao respectivo "lenço" que a vai adquirir e usar a partir daqui!

Chega de palavras e vamos ás fotos:


1. O desenho da forma pretendida


(repararam no pequeno número inscrito na peça?  ... é que neste dia comecei a fazer precisamente 12 anilhas semelhantes a esta para outros tantos lenços de dirigentes ... fora as restantes encomendas!)


2. A peça já serrada e com os primeiros "sulcos" feitos a bisturi




3. Os primeiros "desbastes" feitos a bisturi e/ou canivete, a preparar para a fase de "lixagem"



4. Em plena fase de secagem depois de aplicada a primeira camada de verniz (ainda faltam uma ou duas camadas mais ...)




5. O resultado final - anilha colada, envernizada e seca!



e, por fim um "quatro em um"


(Não há - felizmente - duas iguais, repararam?)


Numa mensagem final diria apenas que espero ter contribuído para que o trabalho dos artesãos e em especial o trabalho dos artesãos escuteiros/escoteiros e guias seja visto por todos como algo a respeitar e valorizar e ... muito obrigado a todos!



Fernando Reis, Mocho Atento

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